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Sociedade do Espetáculo


            O termo “sociedade do espetáculo” emergiu do teórico francês Guy Debord, que analisava a relação das mídias com a sociedade de consumo de imagens, mercadorias e eventos culturais massivos. Mas no texto “Cultura da mídia e triunfo do espetáculo” do filósofo norte-americano Douglas Kellner, pertencente à terceira geração da Escola de Frankfurt, propõe uma visão mais abrangente, e seguindo os avanços tecnológicos constatou os caminhos trilhados pela sociedade do espetáculo no final do século XX e nos primeiros anos do século XXI.

Kellner, de forma mais específica, situa o “espetáculo” por meio de análises de fenômenos sociais da contemporaneidade que através do contexto, seja ele econômico, político, social ou cultural, apresenta uma sucessão de espetáculos ou megaespetáculos. Segundo Kellner, os espetáculos do homem contemporâneo incorporam valores básicos da sociedade capitalista, como o espírito de competição, dinheiro, sucesso etc.

Atualmente podemos detectar com facilidade os produtos midiatizados que clamam pelo espetacular nos circuitos da vida da contemporaneidade. Por exemplo, alguns programas da televisão brasileira em seus próprios nomes já absorveram a espetacularização, o “Fantástico” da Tevê Globo e o “Domingo Espetacular” da Tevê Record, são uma amostragem do universo do espetáculo. Ambos os programas dominicais fazem um Frankenstein de informações que engloba desde o entretenimento até (por incrível que pareça) notícias sobre política ou economia, mas o interessante mesmo é o programa Fantástico que se apresenta como o “show da vida”.

            O aspecto que considero de maior relevância no texto do Douglas Kellner é a constatação dele que em vários mecanismos da sociedade contemporânea estão o rastro do espetacular, desde os meios de comunicação de massa, principais agentes propagadores, assim como na moda ou na arquitetura. É comum à imprensa brasileira recorrer aos casos policiais e vez ou outra centralizar um caso em especial e entronizar como sendo um caso de comoção nacional ou de significativa importância para a opinião pública, colocando tons do espetacular em tudo o que há, pois gera audiência, e ninguém jamais se levantará e perguntará se essa opinião pública existe de fato, ou é apenas um adendo do entretenimento. Casos como a menina Isabella Nardoni, Eloá, Eliza Samudio, Messia Nakashima entre outros, foram adaptados de notícias policiais para novelas jornalísticas, pois em tudo se respira o padrão do entretenimento e do espetáculo, e consequentemente gera de alguma forma lucro, força motriz do capitalismo.

                Todavia, um espetáculo midiático mais importante no primeiro quartel do século XXI, sem dúvida foi a das manifestações "populares" de junho de 2013. Nessas manifestações que unira esquerda e direita contra o petismo, fez ascender os grupos ultraconservadores que apoiado com o grande empresariado gestaram dois espetáculos: Lava-Jato (que gerou até série na netflix, The Mechanism - O Mecanismo) e o Messianismo BolsonAriano.

            A cultura midiatizada, em geral, organiza a sociedade pelo espetáculo, construindo no homem uma saciedade de seus sonhos e desejos que somente um mundo moldado pelo capitalismo pode lhe oferecer, inibindo intrinsecamente a natureza humana tornando a noção de espetáculo como direito natural e algo essencialmente da vida do homem contemporâneo.