Fichamento:A AMÉRICA LATINA ESTUDO DE PARASITISMO SOCIAL


A AMÉRICA LATINA ESTUDO DE PARASITISMO SOCIAL

“A opinião pública européia sabe que existe a América Latina... e sabe mais:  que  é  um pedaço  de  continente  muito  extenso,  povoado  por  gentes espanholas,  continente  riquíssimo,  e  cujas  populações  revoltam-se frequentemente” (p.41).
                De acordo com Bonfim, opinião europeia unilateral fomentada para designar os latinos americanos, se restringe: a pessoas espanholas, de riquezas e grandes latifúndios de terra, além de ter frequentes revoltas, essa é a definição da América Latina.
“No entanto, se a Europa ignora o que é este pedaço de Ocidente, nem por isso esquece que ele existe... Cada incidente, ainda sem grande relevo, encontra repercussão na  imprensa  européia” (p.42).
Apesar dos europeus saberem que América Latina existe, mesmo a ignorando, eles tentam mostrarem em seus meios midiáticos que fazem constantemente tempestade em copo d’água com qualquer incidente, e resumem, afirmando que América Latina não tem salvação, segundo Manoel Bonfim.
“[...] a Europa não tira os olhos do continente legendário. É lastimável  e irritante  que, enquanto a  Europa,  sábia, civilizada, laboriosa  e rica,  se  contorce  comprimida  nestas  terras  estreitas,  alguns  milhões  de preguiçosos,  mestiços  degenerados,  bulhentos  e  bárbaros,  se  digam senhores  de  imensos  e  ricos  territórios,  dando-se  ao  rastaqüerismo  de considerar-se  nações”(p.42-43].
                Conforme o autor, os europeus não se conformam quando analisam que América do sul tem muitas riquezas, porém está na mão de tolos e bárbaros.
“Está verificado que  eles  são  incapazes  de  organizar verdadeiras  nacionalidades;  o  que  a  Europa  tem  a  fazer  é  deixar-se  de idiotas contemplações e contemporizações... se  não  fossem  os  Estados  Unidos;  já  este  continente  estaria infinitamente mais ensangüentado, mais barbarizado do que atualmente”(p.43).
                Segundo o autor, América do sul é sujeita a dominação pelas incapacidades de seus administradores que a conduz, e se não ocorresse à proteção norte-americana, já teria sido dominada pelos europeus há muito tempo.
“Pode-se dizer que essa condenação tem uma dupla causa: a causa afetiva, interesseira; e uma causa intelectual – a inteira ignorância das nossas condições e da nossa história social e política, no passado e no presente” (p.44).
                Essa ponderação de Bonfim sintetiza bem qual era a importância de condenar e sujar o prestigio dos povos latinos americanos: para que ocorra o domínio tem que inferiorizar o que se quer dominar.
“[...] Nunca será uma nação; um tal povo é incapaz de governar-se. Preparam-se  levantes,  fazem-se  revoluções,  substituem-se  governos amiudadamente; os partidos políticos lutam freqüentemente à mão armada, em  guerras  encarniçadas,  que  duram  anos,  às  vezes. Eis  o  bastante  para  que  os liberais do Velho Mundo proclamem que as repúblicas sul-americanas “são afetadas de cesarismo crônico”; e estão por isto perdidas”(p.44-45).
Observamos nessas palavras de Bonfim, o enquadramento que é feito pelos europeus a se referir a América Latina como um local de levante, revoluções, sem autonomia politica, guerrilhas etc.
“[...] todo político sul-americano é um ladrão [...] pobre América do Sul; ela está julgada e condenada pela Europa, em razão da desonestidade dos seus estadistas [...]”(p.46).
                Na Europa, conforme Bonfim criou-se a generalização de que todos os políticos sul-americanos são ladrões. Por isso, alguns anos atrás, aqui no Brasil, durante o governo Lula, apareceram vários escândalos de corrupção que alguns tentaram sujar a imagem do ex-presidente, foram alguns adeptos da ideologia européia que pais sul-americanos não tem como ter autonomia e soberania.
“[...] esse estado de espírito a nosso  respeito, cedo ou  tarde seremos  atacados,  brutalmente ou insidiosamente, nas nossas soberanias  de  povo  independente, e, num caso ou  no  outro,  o  desenvolvimento  destas  sociedades  sul-americanas será profundamente perturbado;  nada  no  mundo  poderá  impedir  que  neste continente  se  desenvolvam  lutas  sangrentas,  incomparavelmente  mais ferozes e bárbaras que as revoluções atuais [...]a menos  que  um  tal  milagre  não  se  faça, a América  do Sul, as populações latino-americanas, terão sorte  igual  à  da  Índia,  Indochina,  África,  Filipinas etc.” (p.48).
Nesse trecho o autor mostra-se receoso, e que brevemente se os europeus não mudarem de opinião sobre os povos sul-americanos cedo seremos atacados.
[...] dado mesmo os Estados Unidos se mostrem dispostos a amparar-nos e proteger-nos abeternum, ainda assim, acabaremos perdendo a nossa soberania e qualidade de povos livres. A soberania de um povo está anulada do momento em  que  ele  se  tem  de  acolher  à  proteção  de  outro. Defendendo-nos,  a  América  do  Norte  irá,  fatalmente,  absorvendo-nos”(p.49).
                De acordo com Manoel Bonfim, esse protetorado dos estados Unidos sobre América Latina é de uma possível dominação futura, pois quem protege hoje amanha quer dominar.
“São povos que possuem todos os elementos para ser prósperos, adiantados e felizes, e que, no entanto, arrastam uma vida penosa e difícil: por quê?... É diante desta anomalia, desconcertante para muita gente, que os estadistas  de  vista  curta  emitem  os  seus  famosos  axiomas: o mal vem da instabilidade dos governos, das revoluções freqüentes, da irregularidade do câmbio,  do  papel-moeda  inconversível,  da  falta  de  braços...  É  toda  a  série dos  sintomas  de  atraso,  apresentados  como  causa [...]”(p.54).
Para Bonfim, todas as mazelas da América Latina não consistem com a realidade de suas riquezas, que a muito poderia deixar todas as suas nações satisfeitas e prósperas. Sintomas de atrasos são que impossibilitam essa melhoria dos povos Latino-americana.