Em um livro revelador, Andrew Keen polemiza atuação e veneração da produção amadora na Web 2.0 que está destruindo nossa economia, cultura e valores.
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cultura
“faça você mesmo” é uma das raízes estruturais da Web 2.0, objetivada pelo
menos no espaço virtual em um universo democrático em que todos participam
produzindo e compartilhando informações. Essa filosofia da internet é o que vem
destruindo a economia, a cultura e os valores da sociedade, é o que defende o escritor
norte-americano Andrew Keen em seu livro O
Culto do Amador (Zahar; 207 páginas; 46,90). O livro foi lançado em 2007
nos Estados Unidos e publicado em 2009 aqui no Brasil.
Polemista
habilidoso, Andrew Keen é um empreendedor pioneiro do Vale do Silício, ganhou
fama rápida na grande imprensa norte-americana como o “anticristo da internet”.
O livro, O Culto do Amador, fora
publicado em 12 línguas. Por conta do teor crítico de sua obra, Keen participou
de programas de TV e rádio ao redor do mundo.
Segundo
Keen nossa cultura está se transformando em uma rede de amadorismo geradora de
desinformações e banalidades, onde qualquer indivíduo pode produzir informações
sem relevância e sem a prudência com o verídico. A enciclopédia online, Wikipédia,
é um dos alvos prediletos do autor durante as pesadas críticas no decorrer de
sua obra. Para Keen, a Wikipédia é uma comunidade virtual que permite a qualquer
pessoa o direito de editar o conteúdo do site, fazendo com que a opinião de um
especialista ou de um amador tenha o mesmo peso.
Além
de tornar obsoleta até mesmo a criação de enciclopédias impressas tradicionais
formuladas por especialistas de diversas áreas, como a citada pelo autor, Enciclopédia Britannica, o culto a
produção do amadorismo vem desempregando e desestimulando a utilidade dos
especialistas. Por que pagar se posso ter de graça? Essa é uma máxima da
sociedade do século XXI, onde o que está na rede é de todos.
A
pirataria digital já devastou a multibilionária indústria fonográfica e nos
últimos anos está tragando a indústria do cinema e a do livro. Isso se deve,
acredita Keen, graças à usurpação da propriedade intelectual, prática essa
comum no mundo online, espaço onde roubar não é errado. A disponibilidade de
conteúdos que mesmo com proteção de direitos autorais e punições severas está
colocando em crise não somente os rendimentos merecidos de seus produtores, mas
primeiro, valores milenares da humanidade e a extinção de uma classe de
seres pensantes para uma classe de seres copistas/colantes.
Apesar
dos extremismos exagerados de suas críticas o livro de Andrew Keen, O Culto do Amador, é um alerta dirigido
a todos os frequentadores do ciberespaço para refletir sobre esse universo virtual
que transborda no real. Através de uma linguagem simples e com aspectos
humorísticos o texto do Andrew Keen, endossado pelas suas críticas, é prazeroso
de ler, pois, reúne suas experiências de vida como um dos idealizadores da Web
2.0 e nos últimos anos um dos principais combatentes dessa rede democrática,
livre e desenfreada chamada internet, onde ele tenta durante toda a obra
destronar o local do culto do amador.
