Filme analisado:
Até o fim do mundo (Until the End of the
World ). Direção: Wim Wenders. Alemanha,
Austrália, França. 1991. 270 min. / cor. Legendado.
Port.
Por Hernâni Oliveira
O longa-metragem, “Até o Fim do Mundo”, do diretor alemão Wim Wenders, escapa da leitura das produções hollywoodianas apesar de conter estilos consagrados por lá, como: romance e ficção científica. Mas a maneira de narrar, assim como o desenrolar da história são frutos autênticos do cineasta.
Apesar
de o filme ser de 1991, a história se baseia na virada milenar de 1999–2000,
sob o temor de uma catástrofe nuclear que ameaça a humanidade: um satélite
indiano estava prestes a cair na Terra e a causar o caos. Interessante ver
nesses filmes do século passado o teor de esperança de um futuro tecnológico,
como nesse filme, os telefones com videochamadas, carros (motos) de policiais
compactos e velozes entre outras profecias de Wenders.
O
enredo gira entorno de dois personagens principais, a Claire e o Sam Farber, que pelas tramas do destino se conhecem. A Claire em busca de identidade,
do eu, de se achar pelas esquinas europeias. Farber almejando recolher imagens
em vários locais do mundo com sua máquina que ajudará sua mãe a ver novamente.
Quando Claire conhece Faber se insere na aventura pelo mundo, mesmo com as
exclusões do Faber que queria fazer as imagens individualmente. Claire vê nele
um ser enigmático, onde poderia ser o seu porto seguro, onde ela poderia
ancorar o seu “EU”.
Outra
análise interessante do filme é o aspecto da globalização, o estreitamento das
fronteiras, o progresso tecnológico e a possibilidade de navegar por outras
culturas. Quatro continentes foram anexados na paisagem do enredo fílmico.
Dessa forma o título da obra, pode nos levar há várias interpretações de fim de
mundo, desde o conceitual fim da humanidade até aos fins geográficos (Japão ou
Austrália). Através de imagens dos quatro cantos do mundo, os personagens se
tornam híbridos, adaptáveis às demais culturas que se inserem ou se camuflam.
Glocal é tematizado na sétima arte. Esse aspecto da globalização, as
hibridizações dos personagens, entre outras características presentes nesse
filme foram estudadas na disciplina Teorias II. Assim como a comunicação visual
presente na linguagem desse filme possibilita despertarmos e abranger nosso
conceito de imagem.
O
ponto chave do filme é o alerta ao perigo das imagens que estão cada vez mais
perdendo a relação com a realidade. Deu para entender que o cineasta quis
defender nesse longa que nessa virada milenar, estaríamos cada vez mais
compondo uma era em que não será mais possível diferenciar o que é real do que
é criado eletronicamente/digitalmente, o surgimento de uma realidade virtual.
Na
primeira década do século XXI observamos a assertiva da profecia de Wenders,
com o advento massivo e a dependência das web imagens, derivadas das redes
sociais virtuais, onde atualmente é o objeto de estudo de vários pesquisadores
em todo o mundo. O trocar o virtual pelo real é cada vez mais natural para a
sociedade contemporânea[1]. A dependência das imagens
no filme fora transcorrida pela máquina dos sonhos, mas podemos adapta-las as
demais imagens do virtual cada vez mais umbilical ao ser humano que faz parte
da sociedade da informação.
[1] Para saber mais acesse o artigo do
Professor Maurício Moraes, “Real e Virtual: da existência de fato à simulação”.
Disponível em: <
http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/comunicacaovirtual/0127.htm>.