As
Cruzadas resultaram da associação entre a tradição das peregrinações, uma
prática individual de purificação, pela via do despojamento e exercício da
pobreza, e a ideia de uma “guerra santa” em nome de Deus.
O
principal objetivo dessa Guerra Santa, em suma, era livrar os lugares santos,
em Jerusalém, que haviam sido dominados pelos muçulmanos. O movimento estendeu-se desde
os fins do século XI até meados do século XIII. E o termo “Cruzada” passou a
designá-lo em virtude de seus adeptos, os chamados soldados de Cristo, serem
identificados pelo símbolo da cruz bordado em suas vestes. A cruz simbolizava o
contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus, era o testemunho visível e
público de engajamento individual e particular na empreitada divina.
De
1096 a 1270, ocorreram oito grandes cruzadas e durante todo esse percurso da
longa história das cruzadas, milhares de cavaleiros, soldados, comerciantes e
camponeses perderam suas vidas no mar ou no campo de batalha. E essas batalhas
e peregrinações feitas em direção a Jerusalém e contra o domínio muçulmano,
foram todas legitimadas e justificadas pela Igreja, partindo do conceito de
“Guerra Santa”, a qual era divinamente autorizada, pois tinha como objetivo
combater os “infiéis”. Sendo assim, aqueles que não haviam, por exemplo, se
recolhido a um mosteiro, ainda teriam a
possibilidade de purificar-se, participando dessas batalhas pela justiça. Tendo como base a intensa
religiosidade presente na sociedade feudal a Igreja sempre defendia a
participação dos fiéis na Guerra Santa, prometendo a eles recompensas divinas,
como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações
realizadas em toda a Europa.
Além do objetivo
religioso, havia o objetivo político, pois a convocação de cavaleiros, pelos
reis, para participar das expedições representaria o enfraquecimento da nobreza,
pois muitos dos convocados não retornariam. Dessa forma, o poder dos reis se
fortaleceria.
Ao mesmo tempo em que
houve o contato entre as culturas, não podemos esquecer que a intolerância
religiosa também foi outro importante signo deixado pelas Cruzadas. Do ponto de
vista histórico, a perseguição aos judeus e aos muçulmanos se fortaleceu com
essas situações de conflito. Não por acaso, podemos notar que os reinos
ibéricos, por exemplo, empreenderam uma forte campanha contra indivíduos não
cristãos na passagem da Idade Média para a Idade Moderna.